Sumário
Lançamento e Detalhes da Estreia
Anne with an E estreou originalmente em 2017, mas recentemente passou a ser reconhecida também dentro da esfera otaku como um “anime não tradicional” , com traços de narrativa e direção muito próxima do estilo shoujo. Apesar de ser uma série canadense em live-action, muitos fãs de anime vêm adotando a produção por sua estética, direção emocional e foco no desenvolvimento de personagem.
A série é baseada no clássico da literatura Anne of Green Gables , escrita por Lucy Maud Montgomery, e já possui três temporadas disponíveis na Netflix. A análise a seguir foca exclusivamente no primeiro episódio da série.
Produção e Elenco
A produção ficou por conta da CBC/Netflix, com Moira Walley-Beckett (roteirista de Breaking Bad ) como showrunner. A escolha de Amybeth McNulty para viver Anne foi um certo ousado: sua atuação intensa e cheia de nuances é o coração da série.
Outros destaques do elenco incluem Geraldine James (Marilla Cuthbert) e RH Thomson (Matthew Cuthbert), que trazem uma presença serena, sólida e cheia de camadas.
A cinematografia é belíssima, com cenários naturais que se tornam quase personagens, contribuindo para a construção da atmosfera de Green Gables.
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Enredo e Temas do Episódio 1
No primeiro episódio, somos apresentados a Anne Shirley, uma menina órfã de 13 anos, cheia de imaginação e com um vocabulário refinado, que foi enviada acidentalmente para viver com os irmãos Cuthbert — que na verdade usou um menino para ajudar na fazenda.
A trama se passa com a chegada de Anne à estação e o choque dos irmãos ao encontrarem uma garota. A partir daí, o episódio trabalha com temas fortes: identidade, excluído, trauma infantil e o poder da imaginação como mecanismo de defesa.
Anne fala sem parar, conta histórias fantásticas para si mesma, e se perde em desvios poéticos — algo que pode parecer excêntrico, mas que esconde uma dor profunda de abandono e luta por acessíveis.
O roteiro é muito eficaz ao equilibrar momentos doces e tensos. O diálogo entre Anne e Matthew na carruagem, por exemplo, é um dos momentos mais marcantes: ali vemos surgir um laço silencioso entre dois solitários.
Personagens e Desenvolvimento Emocional
O destaque absoluto é Anne. Ela é ao mesmo tempo encantadora e incômoda — uma personagem que exige nossa atenção e empatia. Sua inteligência, franqueza e intensidade emocional fazem com que ela fuja dos estereótipos clássicos de protagonistas femininas.
Mateus, apesar de ser um homem de poucas palavras, se revela um pilar afetivo inesperado. Marilla, por outro lado, representa o peso das convenções sociais e a dificuldade em abrir mão de expectativas para abraçar o inesperado.
Cada personagem é construído com base em pequenas ações, olhares e silêncios — algo muito típico de narrativas orientais também, o que explica a identificação do público otaku.
Direção de Arte e Atmosfera
O primeiro episódio apresenta uma paleta de cores suaves, com tons terrosos e iluminação natural que realçam o clima bucólico e introspectivo da história.
O uso da câmera lenta, fecha em expressões faciais e a trilha sonora melancólica com violinos suaves são recursos que intensificam o drama sem torná-lo melodramático. A estética visual poderia facilmente ser adaptada para um anime shoujo com grande apelo visual.
Cada cena parece ter sido pensada como uma pintura — com enquadramentos simétricos e cenários naturais deslumbrantes.
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Impacto e Expectativas para os Próximos Episódios
O primeiro episódio de Anne with an E não apresenta apenas os personagens e o cenário, mas também lança as emoções para conflitos emocionais futuros. A série promete aprofundar temas como feminismo, bullying, desigualdade de gênero, trauma e pertencimento.
Para o público otaku acostumado com tramas emocionais como Violet Evergarden ou A Silent Voice , essa série pode facilmente encontrar um lugar especial no coração.
Conclusão
Anne with an E é muito mais do que uma adaptação de um clássico literário. É uma história sobre pertencimento, sobre o direito de ser diferente, e sobre como a dor pode gerar beleza.
O primeiro episódio nos convida a olhar além das aparências, a ouvir com empatia e a valorizar os laços criados não pelo sangue, mas pelo afeto.
Se você curte animes com carga emocional, personagens femininas fortes e narrativas delicadas, essa série pode — e deve — entrar no seu radar.
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