Crunchyroll usará IA em animes ou dublagens?

Crunchyroll usará IA em animes ou dublagens?

O dilema da IA ​​no mundo dos animes

A inteligência artificial já invadiu praticamente todos os setores criativos — e o universo dos animes não ficou de fora. Nos últimos meses, a discussão sobre o uso de IA para substituir ou agilizar processos de criação artística se intensificou, gerando debates acalorados entre fãs, profissionais e empresas.

No meio disso tudo, a Crunchyroll decidiu se posicionar com firmeza. Em entrevista concedida à Forbes , o CEO da empresa, Rahul Purini, afirmou que a plataforma não utilizará IA em nenhum aspecto criativo dos animes, incluindo dublagens e produção artística .

Uma decisão firme (e rara)

A fala de Purini foi direta: o papel dos dubladores e dos estúdios é essencial e insubstituível. Para ele, cada parte criativa da produção — desde a interpretação de voz até os traços que dão vida aos personagens — deve continuar sendo feita por seres humanos. Essa postura da Crunchyroll contrasta com o que outras gigantes do streaming estão adotando.

Enquanto o Amazon Prime Video já faz testes com dublagens automatizadas por IA e a Netflix investe pesado em IA generativa , inclusive em cenários e vozes para animes, o Crunchyroll vai na contramão. A escolha da plataforma parece atender diretamente à vontade de sua base de fãs — conhecida por ser uma das mais apaixonadas e vocalmente críticas do mundo do entretenimento.

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Fãs se manifestam: “Anime é arte, não algoritmo”

A decisão veio logo após uma polêmica anterior. Em 2023, o mesmo CEO havia dito aqui, em entrevista ao The Verge , que a empresa estudava o uso de IA para acelerar processos de transcrição e legendagem . A proposta era agilizar os lançamentos internacionais, tornando-os quase simultâneos ao Japão.

Mas a repercussão foi negativa. Fãs argumentaram que, mesmo nesses processos técnicos, o toque humano é essencial para manter nuances culturais, piadas locais e referências que só tradutores experientes conseguem adaptar corretamente. As redes sociais se encheram de postagens dizendo que “anime não é só texto e imagem, é emoção e contexto”.

Casos como o de imagens geradas por IA imitando o estilo do Studio Ghibli reacenderam o debate sobre originalidade, autoria e direitos. A crítica é clara: mesmo quando a IA impressiona, falta algo. Falta alma.

Onde a IA entra, então?

Apesar da promessa de não aplicar IA na parte criativa, a Crunchyroll não descartou a tecnologia por completa. Segundo Purini, a IA é usada apenas em áreas internas , como:

  • Sistema de recomendação personalizado para usuários;
  • Melhoria na busca de títulos ;
  • Análise de comportamento de visualização .

Ou seja, a IA serve para entregar uma melhor experiência de navegação e descoberta, não para moldar o conteúdo assistido .

Essa separação deixa claro que a empresa quer manter a arte dos animes longe da automação, mas sem abrir mão da tecnologia nos bastidores.

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A contramão (consciente) de um mercado em ebulição

A decisão da Crunchyroll não é apenas um gesto de respeito aos criadores e fãs — ela também tem implicações comerciais. Em um momento em que as empresas corrigem para cortar custos e acelerar a produção, manter o conteúdo 100% humano pode se tornar um diferencial competitivo.

Mas também é um risco. Caso IA se torne o novo padrão de produção e reduza drasticamente o tempo e o custo dos animes, plataformas que resistem podem parecer “atrasadas” ou “ineficientes”. A Crunchyroll aposta no oposto: que a qualidade emocional da criação humana continuará sendo insubstituível .

E agora?

Por enquanto, os fãs da Crunchyroll podem respirar aliviados. O streaming reafirma seu compromisso com a tradição criativa do anime — e com a comunidade que o consome e o valoriza.

Mas a pergunta permanece: até quando?
Com a IA evoluindo a passos largos, será que esse compromisso resistirá à pressão do mercado? Ou será que o valor da ocorrência vai, no fim das contas, vencer a eficiência dos algoritmos?

Crunchyrollia