ADEUS ROMANCE ESCOLAR? A censura Chinesa e seus efeitos nos animes

ADEUS ROMANCE ESCOLAR? A censura Chinesa e seus efeitos nos animes

Uma nova leva de censura na China

A China já é conhecida por sua política de censura quando o assunto é entretenimento. Animes e mangás não escapam. Há anos o país vem vetando obras com conteúdos considerados “impróprios” ou “subversivos” — de cenas de violência e erotismo até críticas sociais mais incisivas. O caso recente do mangá Dandadan , que teve cenas inteiras cortadas, é só mais um exemplo.

Agora, o foco da vez surpreendeu muita gente: romances escolares também estão sendo colocados na mira. Além disso, temas que envolvem revoluções ou questionamentos de ordem política são absolutamente proibidos.

Por que o romance escolar virou vilão?

A motivação oficial não foi divulgada diretamente, mas ao investigar o fundo da cultura educacional chinesa, tudo começa a fazer sentido. A pressão sobre os estudantes na China é enorme. Estudar é a prioridade absoluta — muitas vezes sete dias por semana. Videogames, hobbies e até relacionamentos são vistos como distrações.

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Muitos jovens só começam a “viver” mesmo na universidade. Antes disso, é estudo o tempo todo. Nesse contexto, o governo chinês parece não querer que os adolescentes idealizem o romance precoce. A ideia é simples: nada de pensar em namorar enquanto você tem provas e vestibulares a vencer. Deixe isso para depois que estiver com a vida “garantida”.

É por isso que romances universitários continuam permitidos. Até são incentivados, porque o país também enfrentou queda nas taxas de natalidade. Incentivar o amor — mas só na hora certa — virou política de Estado.

Impactos globais no mercado de anime

Muita gente pensa: “ok, é problema da China, o Japão vai continuar produzindo o que quiser”. Infelizmente, não é bem assim. A indústria de animes vive de retorno financeiro. E a China é um dos maiores mercados consumidores de cultura pop japonesa. Quando um produtora ou um comitê de produção percebe que um anime com romance escolar não poderá ser comercializado lá, a lógica do investimento muda.

Com menos retorno potencial, menos obras são financiadas nesse estilo. Não é que vão desaparecer totalmente — mas a frequência deve cair, como já aconteceu com os animes mais “picantes” após 2015. Ainda aparecem, mas são raridade.

Além disso, a tendência de seguir “o que vende” globalmente pesa bastante. Por isso, os produtores estão investindo em histórias que podem circular sem restrições. E a China hoje representa uma dessas barreiras invisíveis que moldam o conteúdo do que assistimos.

Uma nova tendência: protagonistas mais velhos

Há também uma questão de público. A demografia dos otakus está envelhecendo, tanto no Japão quanto fora dele. Quem era fã de Naruto no colégio agora está com trinta e poucos anos e quer ver algo diferente — ou, ao menos, com personagens com quem se identifica.

Surgem cada vez mais animes com protagonistas adultos, trabalhadores estressados ​​ou universitários tentando equilibrar a vida. O romance migra dos corredores da escola para os escritórios e bares de final de expediente.

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Isso também se alinha ao que a China permite. Universitários e adultos podem namorar. Então, temos um casamento perfeito: necessidade do mercado + liberação censora = boom dos animes com protagonistas mais velhos.

Conclusão

A censura nunca é um isolamento isolado. O que acontece dentro da China afeta o mercado global — e, por tabela, o conteúdo que chega até nós. Romances escolares, tão comuns até um pouco tempo, podem se tornar obras de nicho. E mais grave: a liberdade narrativa está em risco quando temas políticos viram tabu.

Ao mesmo tempo, abre-se espaço para novas abordagens: histórias com protagonistas mais velhos, romances mais maduros e isekais com heróis que já viveram alguma coisa antes do mundo mágico.

O importante é entender: não é só uma questão de gosto ou de fase. É um cenário onde as decisões políticas definem o que vamos assistir. E, nesse jogo, quem perde é sempre a liberdade criativa.

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Fonte: Relações culturais e sociais sobre educação na China

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