Lazarus: Beleza Visual que Compensa um Roteiro Sem Alma?

Lazarus: Beleza Visual que Compensa um Roteiro Sem Alma?

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Introdução: As Promessas de Watanabe

Shinichirō Watanabe é um nome que carrega peso no mundo dos animes. Cowboy Bebop , Samurai Champloo , Terror in Resonance — seu currículo é uma mistura de inovação estilística e ideias que tentam ir além do óbvio. Por isso, quando Lazarus foi anunciado, havia uma excitação quase automática. Mas o que parecia uma nova obra-prima do diretor começa a revelar algumas rachaduras após os dois primeiros episódios.

A Estética Impecável de um Mundo Imperfeito

Se há algo em que Lazarus não falha, é na estética. Os fundos são sujos e intensos, os personagens têm design arrojado e a animação das cenas de ação é fluida e imersiva. Isso deve, em parte, ao envolvimento de Chad Stahelski, que trouxe sua experiência com coreografias cinematográficas ao projeto.

A trilha sonora também não decepciona. A pegada jazzística, marca registrada de Watanabe, continua afinada com o clima distópico proposto, dando ao anime um charme sonoro que poucos conseguem replicar.

Mas beleza não sustenta tudo. E é aí que mora o problema.

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Drogas Milagrosas e Conveniências Narrativas

A peça é até intrigante: uma droga chamada Hapna que proporciona euforia sem efeitos colaterais é inserida sorrateiramente em bebidas e alimentos ao redor do mundo. Um cenário global de “chapação” involuntária toma forma. Ó reviravolta? A droga tem um botão de autodestruição, e seu criador, Dr. Skinner, é um messias do caos.

Mas nenhuma dessas ideias é aprofundada. Não há explicação consistente de como a droga passou por todas as agências de saúde do planeta ou como o mundo simplesmente aceitou isso sem resistência. A série se apoia no arquétipo do gênio inalcançável e do público apático. E pronto.

Mesmo com o discurso de que não é preciso realismo absoluto em toda obra, as conveniências aqui são tantas que começam a soar ansiosas — ou, no mínimo, apressadas.

Uma Equipe Sem Liga

Talvez o maior tropeço da série esteja naquilo que deveria ser seu coração: a equipe principal. O protagonista Axel Gilberto é carismático, com seu ar misterioso e habilidades físicas, mas falta-lhe profundidade. O restante da equipe é praticamente um borrão.

Chris, Doug, Leland e Elaina são apresentados, mas com tão pouca substância que parecem estar ali para preencher espaço. Elaina é apelidada de “Taylor Swift dos crimes cibernéticos”, o que deveria ser divertido, mas acaba de enviar a única informação concreta sobre ela. O agente Hersch tem ainda menos expressão.

Para uma série que depende da dinâmica de um grupo desajustado em missão, a falta de química e desenvolvimento de personagens é um tiro no pé. Sem uma conexão com os protagonistas, o espectador assiste por inércia e não por envolvimento.

Conclusão: Até onde o estilo pode sustentar o Vazio?

Lazarus ainda está no começo, mas o alerta já foi dado. O anime é bonito, bem animado e carregado de estilo, mas não vive só de estética. Falta-lhe densidade emocional, estrutura narrativa coesa e personagens pelos quais valha a pena torcer.

Talvez Watanabe esteja mais interessado em provocar reflexões filosóficas do que contar uma história que faz sentido até nos detalhes. E tudo bem, desde que o público esteja disposto a embarcar nessa viagem. Mas se não houver evolução rápida e sólida, Lazarus corre o risco de ser lembrado como aquele anime que tentou ser grande demais para a própria execução.

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