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Retorno às Telas com Nova Vida
No último domingo, às 23h no horário japonês, a NHK General TV exibiu uma edição especial do filme Astro Boy: Herói do Espaço (Tetsuwan Atom: Uchū no Yūsha), lançado originalmente em 1964. A exibição teve um diferencial: o longa foi totalmente colorizado usando tecnologia de ponta, prometendo uma experiência inédita mesmo para os fãs mais antigos.
A exibição foi anunciada pela Tezuka Productions no sábado anterior, com destaque para a nova coloração aplicada às cenas que originalmente eram em preto e branco. Segundo a produtora, foi utilizada “a mais recente tecnologia de vídeo” para dar nova vida à obra.
Detalhes da Restauração e Uso de IA
Apesar da Tezuka Productions não ter mencionado o uso explícito de inteligência artificial, uma publicação da NHK no dia 10 de março confirmou: o filme foi “totalmente colorido com técnicas de restauração usando IA”. A própria exibição do domingo começou com um clipe de making-of, revelando que o processo foi feito com o apoio de ferramentas baseadas em IA. Ainda assim, nenhum dos envolvidos esclareceu se a tecnologia utilizada era IA generativa ou apenas restaurativa.
O que se sabe é que a restauração foi meticulosa. A coloração levou em consideração os tons originais do mangá de Osamu Tezuka, especialmente nas cenas que nunca haviam sido coloridas. Além disso, todas as sequências do filme foram aprimoradas visualmente.
Vale lembrar que o filme Astro Boy: Herói do Espaço é uma compilação dos episódios 6, 56 e 71 da primeira série televisiva, intercalados com cenas dos três primeiros episódios e trechos inéditos produzidos na época. Em 1964, ele foi exibido nos cinemas com uma mescla de sequências coloridas e monocromáticas.
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A Importância Histórica de Astro Boy
Astro Boy não é apenas um anime. Ele é, essencialmente, o ponto de partida da animação televisiva japonesa como a conhecemos hoje. A série original de Tetsuwan Atom, lançada em 1963, foi a primeira animação japonesa com episódios de meia hora. Foi também onde nasceram muitos dos elementos visuais e narrativos que moldaram o estilo anime: olhos grandes expressivos, transformação visual dinâmica e a obsessão por robôs com sentimentos.
O próprio Osamu Tezuka, chamado de “Deus do Mangá”, liderou a produção por meio do estúdio Mushi Production. Com uma equipe enxuta e orçamento limitado, ele precisou criar um método de produção mais econômico e rápido — técnica que virou padrão na indústria por décadas.
Legado Internacional e Novos Projetos
O impacto de Astro Boy transcendeu o Japão já em sua estreia. Em 1963, o produtor Fred Ladd levou a série para a América do Norte, adaptando e dublando os episódios para o público ocidental. Esse movimento marcou a primeira vez que um anime foi transmitido em TV nos Estados Unidos — abrindo caminho para tudo que veio depois, de Pokémon a Attack on Titan.
Desde então, a franquia passou por várias adaptações. Em 2019, foi lançada a série animada Go Astro Boy Go!, uma produção franco-japonesa voltada para o público infantil. Em 2014, a Tezuka Productions colaborou com a Chanel TV da Nigéria para criar uma animação inédita. E, mais recentemente, em 2022, o site Variety revelou que Thomas Astruc — o criador de Miraculous: As Aventuras de Ladybug — está trabalhando em um reboot da franquia em 3DCG.
Conclusão
A colorização de Astro Boy: Herói do Espaço representa mais do que um resgate técnico — é uma ponte entre o passado e o futuro da animação. É como se a alma de Tezuka, sempre entusiasmada pela tecnologia e pela evolução da arte, estivesse ali, observando o renascimento de uma de suas criações mais icônicas através das lentes do século XXI.
A obra que iniciou o fenômeno do anime ganha agora uma nova camada de relevância, mostrando que, mesmo após seis décadas, ainda há muito espaço para inovação — mesmo quando o assunto é um garoto robô criado nos anos 60.
Fonte: Comic Natalie e X