Anne Shirley – Episódio 19: Adeus, Ruby – Flores, Fantasias e o Peso do Luto

Anne Shirley é uma série que sempre equilibrou delicadeza e drama com poesia, mas o episódio 19 rompe esse equilíbrio de forma devastadora. Com a morte de Ruby, uma das amigas mais próximas de Anne, o anime abandona temporariamente os tons pastel para mergulhar em tons de cinza. O luto, a maturidade e a quebra de ilusões marcam esse episódio que não apenas emociona, mas transforma a protagonista — e o público.

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Ruby: a morte que tira Anne da fantasia

Ruby sempre foi a representação do romantismo juvenil: apaixonada, vaidosa e cheia de sonhos. Sua morte, portanto, funciona como o rompimento definitivo entre a infância idealizada de Anne e a dureza da vida adulta.Anne não consegue mais “imaginar” para escapar. O silêncio após a notícia, o rosto sem expressão e o abandono das pequenas alegorias de sua mente criativa dizem tudo. Ruby não era apenas uma amiga — ela era o símbolo de uma época que agora acabou.

Tuberculose e a romantização do sofrimento

Ao abordar a morte por tuberculose, o episódio também questiona uma tradição literária. No século XIX, a doença era vista quase como uma “doença poética” — símbolo de beleza trágica.Mas Anne Shirley desconstrói isso. A enfermidade de Ruby não é embelezada. O episódio mostra a fragilidade do corpo, a dor, a impotência dos médicos e o impacto no círculo social da jovem. É um retrato cru, sem floreios — mais realista do que muitos dramas históricos ousariam fazer.

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A escrita interrompida: Anne diante da realidade

No início do episódio, Anne tenta escrever um conto para uma revista feminina, mas suas ideias parecem rasas, desatualizadas. Após a morte de Ruby, ela abandona o texto — e o motivo é claro: não há como escrever sobre frivolidades quando se está em luto.Esse gesto simples simboliza o amadurecimento da protagonista. Anne percebe que sua escrita precisa partir da verdade, da dor e da experiência — não apenas de devaneios. É um divisor de águas criativo e emocional.

Flores, simbolismos e despedidas

A despedida de Ruby é cercada por flores, mas não apenas como decoração. O episódio faz uso sutil da “linguagem vitoriana das flores”, especialmente as papoulas — símbolo de sono eterno, esquecimento e luto.A cena em que Anne segura uma papoula vermelha enquanto caminha pelo campo é de uma beleza melancólica. Sem palavras, apenas com imagens, o anime traduz o sentimento de perda e a tentativa de encontrar algum consolo na natureza.

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L. M. Montgomery, literatura e ciclos de influência

O episódio também é uma homenagem indireta à própria autora de Anne of Green Gables, L. M. Montgomery. A forma como lida com a morte de uma jovem amiga, o processo de escrita como forma de enfrentamento e os laços femininos intensos remetem à vida real da escritora.Além disso, fãs de obras como Romeo’s Blue Skies e Shōkōjo Sara encontrarão paralelos: perdas trágicas, amadurecimento precoce e simbolismos florais. São obras que compartilham a mesma raiz literária — o drama como ferramenta de empatia e transformação.

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